Foto retirada da internet com link de referência. Não sou eu, mas a imagem é como se fosse a minha hoje.
Hoje neguei um abraço e senti-me mal, muito mal. Pedi desculpa expliquei e encolhi os braços e cruzei-os como se me abraçasse a mim própria , na realidade talvez o tivesse feito, porque não queria negar aquele abraço e disse que aquele abraço também era para aquelas meninas que corriam para mim ainda com aqueles sentimentos de infância que espalham e buscam afetos, que era como se abraçasse aquelas meninas que terminaram o 4º ano em casa, sem ver os colegas, sem se despedirem das professoras, a quem os afetos no espaço que agora as acolhe foram negados.
Tento sorrir com os olhos, mas queria ter dado aquele abraço porque é quem sou. A professora exigente, a que ralha, a que não lhes admite barulho, mas também a que lhes dá abraços e os trata por filhos, a que lhes levanta a voz quando é necessário, mas a que lhes dá a mão quando os vê sem chão. E doeu negar aquele abraço, ver a palavra rejeição estampada naqueles rostos de meninas que ainda agora entraram no quinto ano.
Mas expliquei o quanto me custou dizer que não e que lhes dizia que não para o bem delas.
Que tempos estes em que vivemos em que temos de negar os afetos que tão difícil e raramente nos são oferecidos na nossa profissão de docentes .
Fiquei a pensar que terei de reinventar os afectos, os abraços que ficam no ar, para que eu nnão volte a ver e a sentir estampado no rosto de uma criança a palavra rejeição.
Mas e se as abraçasse? Talvez nada de mal acontecesse e aquelas crianças fossem mais felizes na escola.
Mas e se… se algo corresse mal, se contraíssem o vírus mesmo que não fosse por mim,
Eu teria infringido as normas.
Contudo não consigo deixar de me perguntar como serão os adultos do futuro a quem uma pandemia roubou os afetos?
Dedico este blog a temas generalistas e partilho um com a filha como podem ver no perfil.Mas o meu blog pessoal e de família é onde celebro os momentos que me são especiais, até porque embora dedicado à família o dedico a um menino raro e especial o meu filho mais novo.
Obrigada pleo Grande Destaquue no dia 22 de Setembro.
Foi com supresa e agrado que vi o meu post sobre Regresso às aulas em grande destaque.
Um grande obrigada à equipa Sapo e aos mais fiéis leitores do mundo que apesar das minhas ausências nunca deixam de acompnhar as novidades no meu blog, porque sabem que vale a pena.
O REGRESSO ÀS AULAS COMO PROFESSORA EM PLENO CENÁRIO DE COVID 19
Comecemos pelo início.
Receção- Distância de segurança impossível de cumprir. Logo no primeiro dia o São Pedro ou os fenómenos meteorológicos como preferirem, lembraram-se de mandar uma chuvinha, um ventinho , tudo à mistura e bem carregadinho , quiçá acharam que era hora ideal da malta levar uma banhoca só para garantirem que alunos e professores entravam na escola bem lavadinhos e limpinhos e também os pais que aguardavam à porta sem qualquer distância de segurança, para a fila não percorrer três quilómetros, pelos menos assim lavadinhos pela chuva, pode ser que os Covids que ali apareceram tenham morrido afogados.
E como bónus a malta assim poupou uns cobres na lavagem dos carros, uma vez que o orçamento sofre sempre uns rombos nesta altura do ano.
Por isso peçam lá desculpa se se queixaram como eu, que como já viram isto foi a pensar no melhor. Desculpa lá São Pedro, desculpem lá Fenómenos meteorológicos!
Difícil, difícil, foi conseguir entrar na escola, como não trazia um Crachá a identificar professora, nem estava de pasta, mas sim de mochila, mandavam-me para a fila.” Olha esta a querer furar”, não disseram, mas os olhares eram reveladores.
Sob a ameaça assustadora dos olhares furiosos dos guardiões dos meus futuros alunos lá tive de explicar” ouça eu tenho de entrar, porque se eu não entrar pode acontecer que não esteja lá nenhum professor para fazer a receção a uma das turmas”. Sob uma chuva de olhares ameaçadores que faziam feroz concorrência à chuva que emanava do céu lá me deixaram entrar.
Primeiro dia de aulas
Confesso que fiquei solidária com todas as crianças, todos os jovens que fizeram birras e com todos os pais e professores que como eu praguejaram por terem de estar na escola às oito da madrugada. Assim como assim, espero que o Covid não goste de se levantar muito cedo.
Na rua, antes da entrada das turmas mando alinhar com a distância de segurança, mas como terminaram o ano online, deve ser o motivo pelo qual não distinguem 35 cm de 2 de metros de distância e o provável excesso de queijo consumido durante o confinamento, faz com que se esqueçam imediatamente da distância de segurança assim que sobem a escadas, e de repente,há uma estraga de prazeres a tentar avisar “mantenham a distância de segurança” , mas a voz é abafada pela máscara e eles devem ter entendido “ Andam com a elegância de uma dança”.
Já na sala a distância entre as mesas é a possível em turmas de 26, 27, 28 alunos numa sala que se fosse uma loja só seria permitida a presença de dez pessoas no máximo. A janela e a porta abertas. E só me lembro em como sonhava em criança ir a um baile de máscaras. Bem, ainda não dançámos, mas começar o ano assim estar a ser um baile…
Durante as aulas e fora delas apercebo-me que este ano além dos ralhetes do costume, está quieto, está calado, não impliques com o teu colega, presta atenção, o telemóvel é para estar desligado, ainda acrescentei “A máscara é para ser usada acima do nariz” e “Não filho (a), não podes tirar a máscara”.
Das 8 às 17 h realizei o meu sonho de criança poder ir mascarada para a escola todos os dias e ainda melhor, por ter cinco turmas nesse dia, ter de falar imenso, e ficar quase sem intervalos para garantir a saída em segurança dos alunos, acabei por ter de trocar “La Mask” três vezes ( sim La Mask, porque agora, se casaco comprido é trench coat e macacão é Jumpsuit, roupeiro é closet, a máscara este acessório tão Inn em 2020, também merece uma nomenclatura chique).
Dessa forma, tal qual, uma Fashion Influencer do momento, pude exibir os meus diversos looks de “La Mask” que condiziam com o mesmo outfit do dia.
E desde já aviso que a trend para o início da semana foi patrocinada pelos estilistas do Ministério da Educação e será subordinado ao tema “ White is the New black”.
Já estava a arfar (sim arfar, porque estava quase com a língua de fora), ainda bem que dispensei a sombra e o batom, porque um roxo natural estava a começar a invadir-me as pálpebras e os lábios, prestes a alucinar com ambulâncias e máscaras respiratórias, quando percebi que já podia ir para casa.
Agora é só desejar um bom ano e afastar os pensamentos de poder ganhar na lotaria das escolas a reserva de um quarto com lençóis brancos decorados com logotipo da Brand de qualquer um dos “Hotéis” de cinco estrelas da DGS
Desculpem o palavrão, mas ultimamente já não posso ouvir falar desta mer… de Pandemia daí nascer este termo.
Não as pessoas não saíram melhores disto, nem vão sair, isto é uma pandemia, não um milagre é exatamente o oposto.
Não a Pandemia não nos veio mostrar a miséria que já havia, há e ainda haverá infelizmente no mundo, se não o sabias é porque és não tens a capacidade de ver a realidade do quotidiano ou fechas os ouvidos ao que se passa à tua volta, ou vives alienado da realidade.
Não, não há “Novo normal” porque nada disto é normal. Não é normal filhos não poderem visitar pais no Hospital.
Não é normal que mulheres sejam privadas do seu companheiro, marido, namorado o nome que lhe quiserem dar na hora de parir.
Não é normal que tenhamos medo do regresso dos nossos filhos à escola.
Não é normal que os afectos sejam negados.
Não é normal que as pessoas andem cheias de medo dos vírus e “caguem” máscaras na rua a torto e a direito desculpem o termo, mas é o adequado para quem faz merda e é o que fazem as pessoas deitam as máscaras na rua.
Não é normal que andem de máscara para se protegerem e não respeitem as distâncias de segurança bem marcadas no chão dos supermercados.
Não é normal que o parque onde o meu filho adorava brincar esteja fechado.
Novo normal o tanas… para não dizer pior
Se me disserem a nova realidade, infelizmente terei de concordar
Mas nada disto é normal!!!!!!!!! Acordem!!!!!!!
Estou farta desta Pandemerda mas ainda mais farta da falta de bom senso das pessoas que não percebem que se não nos respeitarmos uns aos outros, esta nova realidade será tudo menos normal!