Numa fila de supermercado encontra-se um senhor de tez negra com o cesto cheio de bebidas e mais outras coisas, atrás um casal caucasiano ( vulgo branco), com o cesto meio cheio. Nisto chega um rapaz mestiço ( Vulgo mulato, mas a minha a amiga diz que o filho é mestiço e não mulato, porque ela não é uma mula) com um sumo na mão e uma merenda na outra, muito educadamente pede se o deixam passar, pois só tem aqueles dois artigos. E agora dou-vos a escolher o que acham que aconteceu:
a) O casal caucasiano disse que não, porque estava com pressa e o senhor tez negra, alvitrou logo, "pois se fosse dos vossos deixavam passar. Racistas."
b) O casal caucasiano disse que não tinha problema e o senhor de tez negra com grande antipatia responde que não, porque também tem pouca coisa.
O meu pai, foi o pai que pôde ser . Tudo fez para sustentar a família, incluindo a mãe e irmãos que dele precisavam. Mas raramente era um pai presente. A memória mais vivida que tenho do meu pai , foi de umas férias há muitos anos, quando andava a aprender a nadar. Uma onda enrolou-me e quando o meu pai me ajudou a sair de lá, chorei e implorei que nunca queria voltar para o mar. O meu pai pegou-me ao colo e voltou a jogar-me nas ondas. Não sei se foi nesse dia, ou nos seguintes mas nessas férias aprendi a nadar. E também aprendi que por vezes quando as coisas correm mal da primeira vez, temos de megulhar nelas de novo e não faz mal se tivermos alguém para nos carregar ao colo, para nos ajudar a megulhar de novo.
Ora aqui estamos nós de novo numa Follow Friday a oportunidade perfeita para vos mandar de novo ir espetar o Garfo no Blog Bom Garfo. De novo? Sim, porque já vos tinha recomendado aqui neste post para vos abrir o apetite e para os que não leram o post podem ir lá espreitar.
Mas o melhor é irem lá diretos, pois é um blog de culinária sempre temperado de bom humor e com receitas para todos os gostos, desde as mais básicas para aprendizes, às mais elaboradas, com sugestões para gulosos e para quem se quer manter fitness. Então ainda estão aqui, “bora lá” espetar o Garfo no Blog Bom Garfo!!!
No início era o sonho a ilusão de uma vida a dois. Planos e projectos partilhados e levados em frente por duas mentes e quatro braços. No início eram os abraços, os beijos e a paixão. Eram as promessas vãs de uma cumplicidade inexistente que apenas existia na sua mente.
Aos poucos ela vislumbrou a verdade dolorosa e violenta que foi emergindo, mas não queria aceitar, o que sempre soube, o que sempre esteve dentro da sua mente, é que o seu casamento poderia transformar-se a qualquer momento numa faca de dois gumes, fabricada na forja dos ciúmes.
Lentamente o sonho deu lugar à desconfiança, a desconfiança à destemperança, a destemperança à violência; a violência à dor, e por incrível que pareça, a dor ao amor. Um amor fracassado que não sabe ser feliz, que só sabe marcar a punho, a murros, a insultos a sua presença. Um amor com sabor a traição, com odor a álcool, que exalava do hálito do seu companheiro , quando irrompia pela casa embrutecido e selvagem e a obrigava abrir as pernas e se servia dela, como objecto de prazer, como se uma qualquer se tratasse, sem qualquer significado para ele, e lhe violava mais do que o corpo a sua alma revoltada. Um não amor manchado pelo sangue da violência, da prepotência!
Sim, ela por fim percebeu que a sua vida não era senão uma faca de dois gumes que aos poucos a cortava e despedaçava. Percebeu que não há caminho que tome que a possa libertar. Se ficar do seu lado, será aos poucos mutilada, mesmo que o não seja fisicamente.
As humilhações e os insultos mutilam a sua auto – estima. Enquanto os seus punhos cerrados, lhe deixam nódoas negras no seu corpo e no seu coração pisado de sangue e maus-tratos. Se o deixa e foge, ele persegue – a e não a deixa viver. Ela sabe que vive num beco sem saída. E como não tem saída possível, volta para trás, sabendo que só sairá ferida, pela faca de dois gumes em que se transformou a sua vida. Talvez seja essa a saída, uma faca de dois gumes que possa cravar no coração, ou quem sabe se a loucura e a coragem o permitirem possa ela também cravá-lo no dele, num último abraço fatal.
Em homenagem às vítimas de violência doméstica
texto de ficção de minha autoria inspirado em testemunhos reaispublicado originalmente a · 28.01.08 Imagem retirada da internet do site da Apav Associação de apoio á Vítima. Peça ajuda Denuncie!