Cartas de amor modernas
“Escrevi-te uma carta em papel perfumado….” É assim que começa uma canção sobre uma carta de amor. Hoje os tempos são outros quem sabe será desta forma que se passará escrever sobre cartas de amor:
Escrevi-te um e-mail num monitor quadrado, no meu computador já antiquado. Pus no fundo uma música de amor e adicionei-lhe um coração animado. Quis-te enviar um e-mail encantado. Decorei-o com um gif animado. Assim, decorei-o com fadas e duendes que te alegrariam e animariam enquanto lias as minhas palavras de amor. Quis deixar algo que te alegrasse na tua tela de monitor. Teclei palavras meigas sem parar no meu novo teclado. Juntei outra música às palavras de amor e às letras de cor. Digitei palavras sem fim, esperando em retorno o teu amor por mim. Arquivei essa carta nas pastas do meu computador, numa pasta chamada: “cartas para o meu amor”. Salvei uma cópia nas pasta de enviados, pois podia reenviar no caso de haver e-mails extraviados.
Já quase no fim, deixei-me levar pelo meu coração e foi, então, sem resistir à tentação que quis saber se querias partilhar para sempre do meu amor, saíres da tela do meu monitor, deixares de ser virtual e viveres a meu lado uma vida real.
Esperei, com grande emoção, o aviso no meu monitor. Batia-me descompassado o coração. Fiquei na dúvida. Dirias que sim? Dirias que não?
Não precisei de esperar pelo dia seguinte para o carteiro tocar. Passado um minuto, no meu monitor estava um envelope a avisar que o reply ansiado tinha chegado à caixa de correio do meu computador. Foi com as mãos a tremer que fui ver. Assim que o abri, não me contive de emoção e gritei para o mundo me ouvir: Disse que sim! Disse que sim! Foi, então, que a campainha tocou e tu estavas ali ao meu lado, fora do monitor, para tornarmos real o nosso amor.
Flora Rodrigues
22/04/2004