Feliz 2008
A todos os amigo que por aqui passam e a todos os vistantes. Voltamos em 2008 com mais sopas de letras.
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A todos os amigo que por aqui passam e a todos os vistantes. Voltamos em 2008 com mais sopas de letras.
Estava já baratinado de todo. A vida corria-lhe pelo pior e parecia que aquele dia, era um daqueles em que nos arrependemos de sair da cama. Não bastava o gás ter acabado a meio do duche, para ajudar à festa o carro empanara de novo. Já estava atrasado. Só havia uma solução chamar um taxi.
Aturar um daqueles motoristas, constantemente irritados com o trânsito da cidade e que não se calavam o caminho todo, com conversas banais sobre o clima e futebol, constantemente interrompidas pelos insultos aos outros motoristas, não era propriamente o que lhe estava apetecer depois de um duche frio, mas tinha que ser. Sem hesitar pegou no telefone e chamou um taxi. O taxi 113 chegou sem demora. Olhou para o número do taxi, contrafeito. Não que fosse supersticioso, mas de forma como as coisas andavam, ele já nem dizia nada. Não tinha alternativa, cruzou os dedos e entrou no taxi.
Indicou a morada pretendida e o taxista, (curiosamente de poucas palavras) seguiu na direcção do caminho indicado.
Olhava constantemente o relógio. Naquele mês era a terceira vez que chegava atrasado. Não era possível! O trânsito estava parado. Um acidente num cruzamento gerara vários engarrafamentos.
A sua ansiedade era notória, o motorista apercebendo-se disso sugeriu que tentasse um caminho alternativo, mas que seria mais longo. Contudo seria preferível ao tempo indeterminado de espera. Aceitou a sugestão.
Já iam a meio do caminho, quando se apercebeu que aquela paisagem era completamente estranha. Poucos caminhos lhe eram desconhecidos graças à sua actividade de vendedor e principalmente os da cidade onde nascera. Mas aquele caminho era-lhe de todo estranho. Ao contrário do que pensava inicialmente, o silêncio do motorista incomodava-o. Deixava-o com uma sensação de desconforto. Indagou o motorista sobre o caminho que percorriam. Ao que este lhe respondeu que apenas o guiava, por onde ele tinha escolhido, aquela estrada era o caminho que lhe estava destinado. Havia sempre dois caminhos, nem sempre o que parecia mais fácil era mais seguro. Sentindo-se cada vez mais desconfortável argumentou que tinha sido o motorista a sugerir-lhe aquele caminho, mas este último inalterável replicou:
- Dei-lhe apenas uma sugestão. Uma sugestão é algo a que podemos dizer sim, ou não. Ninguém nos obriga a aceitar, e o curioso é que mesmo sem aceitarmos, fazemos sempre uma escolha. Somos sempre nós que escolhemos o caminho. Meu caro amigo, já cumpri a minha missão. Deixo-o entregue ao seu destino - E dito isto o motorista desapareceu como por magia.
Com a respiração ofegante da aflição e o suor a escorrer-lhe pelo rosto, tentou saltar para o banco da frente e tomar o volante nas suas mãos. Mas não teve tempo o carro despenhara-se por um precipício.
O despertador tocou. Abriu os olhos ainda atordoado. Acordou ainda não refeito do susto e com o suor a escorrer-lhe pela testa. Olhou para o lado da cama. As duas garrafas de Gin, permaneciam vazias junto à cama!
Talvez fosse uma sugestão para deixar de beber.
Para fazer o vídeo recolhi imagens dos seguintes sites: https://www.darfurcentre.ch/ https://villagevoice.com/blogs/bushbeat/archive/000971.php https://despertarconsciencias.nireblog.com/file/73849 https://porummundomelhor.blog.com/Por+um+mundo+de+justi%C3%A7a+e+liberdade/ https://hrw.org/photos/2005/darfur/drawings/index.htm Quem quiser pode copiar e divulgar o vídeo com estas indicações que eu facilitarei o link da ligação.
Como é que o ser humano chega a este nível de selvajaria?????
Lisboa, 2 de Janeiro de 2000
Querida Maria,
Desculpa, eu quis viver a minha vida ignorando que te tinha ao meu lado. Estava demasiado embrenhado no meu mundo para perceber que te podia perder. No meu mundo, tu ias esperar até que um dia eu arranjasse tempo para ti. Mas a verdade é que tudo estava em primeiro lugar, a minha profissão, a minha ambição, os meus sonhos, os meus amigos, as minhas metas, os meus projectos, o meu sucesso. Pensei que o tempo ia parar para ti, e tu ias guardar o teu amor e esperar eternamente por mim.
Mas o tempo não parou e o meu egoísmo aumentou. Vivia isolado no meu de sucesso. Embriagado com o sucesso, esquecia a euforia da corrida do tempo. Foi quando acordei e tu disseste que ias partir, que o tempo não parava, que o mundo continuava girar e tu não podias continuar parada à espera que um dia eu arranjasse tempo para te amar. Quis suplicar-te que não partisses mas o meu egoísmo impediu-me de arranjar tempo para sequer te suplicar.
Mas o tempo não parou, e tu partiste em busca do tempo perdido. Pergunto-me se algum dia o conseguirás recuperar. Pergunto-me se irás voltar. Pergunto-me se o tempo me dará uma nova chance para te amar. Eu não percebi que o tempo passou a correr e que eu te deixei cada vez mais sozinha, porque eu tinha sempre que fazer. Eu não percebi que os nossos filhos cresceram e se fizeram homens e mulheres. Eu não percebi que também tu tinhas tanto para fazer e pedias-me sempre para parar, pois tu ainda conseguias arranjar tempo para me amar.
Eu não sei como fizeste para arranjar tanto tempo. Tu arranjaste tempo para trabalhar, para educar os nossos filhos. Arranjaste tempo para dançar, para conversar e para cuidares de mim. Tu conseguiste viver, amar a vida e eu que te criticava por não ambicionares mais, do que essa vida simples que tinhas, nem sequer soube arranjar tempo para te amar.
Eu não percebi, que eu não vivi. Corri, sem parar, sem olhar para os lados, como quem faz uma viagem sem ver a paisagem e fica sem nada para contar.
O tempo passou e eu amanheci sozinho. Completamente sozinho. Só hoje percebi que corria de encontro à solidão. Agora percebo a tua forma de viver. Tu sabias amar a vida. Eu nunca soube sequer amar. Desculpa não te ter ajudado a criar os nossos filhos, não te ter amado, não te ter compreendido. Desculpa não te ter deixado ensinares-me a amar a vida. Desculpa se eu fui tão egoísta ao ponto de ignorar que também tinhas direito a sonhar.
Sei que as lágrimas e o arrependimento em nada vão ajudar, mas não te queria deixar partir sem ao menos te pedir perdão do fundo do coração. Hoje eu arrependo-me do tempo que não passei contigo. Arrependo-me da dança que ficou por dançar, do passeio que ficou por dar, a conversa que ficou por acabar, da viagem que nunca fizemos, da vida que ficou por viver, do amor que eu não te soube dar.
A verdade é que sempre te invejei porque sabias combater a solidão e eu não.
Talvez seja tarde de mais para te fazer feliz, espero que não seja tarde de mais para te pedir perdão.
Desculpa, escrever, mas não consegui arranjar tempo para te visitar.
Creio ser esta a forma mais rápida de saber se tenho ou não o teu perdão.
Desculpa....
Sempre teu
José