O Cata-Molas
O Cata-molas é um vizinho que tenho por sinal até simpático. Ele e a esposa foram os primeiros vizinhos que eu conheci quando vim para aqui morar. Quando tivemos alguns problemas em relação ao prédio, foi com ele que fui falar e as coisas resolveram-se. Ainda há bem pouco tempo quando resolveram estacionar bem em frente à minha garagem tirando o pouco espaço que tenho de manobra foi ele que, me ajudou a tirar o carro da garagem. E o senhor que é taxista e que por isso deve conduzir melhor que eu, também reconheceu que aquela manobra com o carro ali estacionado é bem difícil. O Cata-molas é até um vizinho simpático e pacífico, quando chega depois de deixar a viatura bem polida, vai cuidar da sua hortinha. Às vezes até cozinha uns grelhados cheirosos na sua garagem. É até uma personagem bonacheirona e até aposto que a sua esposa anda muito satisfeita, pois o senhor é muito poupadinho. De certeza que de vez em quando até deve dar umas prendinhas à esposa, mesmo que essas prendinhas sejam as minhas molas da roupa!
Pois foi à conta disso que o meu vizinho ganhou este belíssimo cognome da minha parte. É que enquanto estendo a minha roupa, se deixo cair alguma mola, é garantido que o Cata-molas a apanha. O mais engraçado é que ele olha para um lado e para o outro, mas nunca lha para cima para me ver com a minha cara de: “-Oh não a minha molinha, outra vez, não! Nem me dá tempo de as ir buscar. “
Já pensei dizer: _ Hei vizinho, essa mola que acabei de a deixar cair, não se importa de ma devolver?
Mas não são sei porquê algo me impede. O pior é que tenho cada vez menos molas. Acho que qualquer dia quando me voltar a cruzar com a esposa, vou ganhar coragem e vou-lhe dizer: Ai, vizinha tem sorte em ter um homem tão poupadinho! Ele não lhe oferece molas todos os dias?
E esperar que ela faça uma cara de surpresa e perguntar: - Como é que sabe? Para poder responder:
- É simples, o seu marido apanha todas as molas que eu deixo cair enquanto estendo a roupa. Só pode ser um homem poupado...