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Sopa De letras

Vinha à procura de sopa? Aqui há , mas só de letras! Letras atiradas ao acaso saídas de uma Caixinha de Pandora.

Vinha à procura de sopa? Aqui há , mas só de letras! Letras atiradas ao acaso saídas de uma Caixinha de Pandora.

Quimera de almas

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Sinto que estás perto. Sinto o teu calor, o teu cheiro. A tua presença paira no ar. Sigo as cores e os aromas que me indica o teu rasto, pois sei que te pertencem. Não conheço o teu rosto. Mas conheço a tua alma melhor do que a minha. Sinto que estamos unidos num destino fatal. Fatal de incontornável. Sei que me pertences. Sinto que te pertenço. Prossigo na minha busca. Olho em redor e não te vejo. Estou cega, ofuscada pela luz do desejo. Obnubilada por esta quimera ingrata de te encontrar. Mas o desejo é mais forte do que eu.

 

Sei que também me sentes, que me buscas e me persegues. Persegues o meu cheiro, as minhas cores, sentes a minha presença no ar. Desconheces o meu rosto. Mas conheces plenamente a minha alma. É ela que te guia, que clama por ti através dos tempos, de todas as dimensões, de todos os mundos. Sinto que também o desejo te consome e a luz do desejo te ofusca.

 

 

 

Buscamos o nosso rasto cegamente. Cegos de paixão. De uma paixão mais forte que a razão. Descrevemos círculos intermináveis, caminhos elípticos e perdemo-nos no vácuo do infinito, nesta quimera desesperada das nossas almas para se reencontrarem.

 

Mas a voz do infinito sussurra que estamos mais próximos do que pensamos. Sentimo-nos porque caminhamos lado a lado, tão perto que o nosso respirar se pode cruzar. Traçamos rotas de destino paralelas. Mas o nosso destino é fatalmente incontornável.

 

O desencontro não será eterno, quando a paixão deixar de nos cegar, encontrar-nos-emos nos caminhos da razão, a nossa quimera findará e o nosso destino será finalmente cumprido, vencendo as malhas do tempo.

 

 

Mas para já continuarei a seguir o teu rasto até que o despertar surja e nos possamos encontrar desfazendo o grande equívoco do tempo que é o nosso desencontro.

 

 

30/05/03

 

 

Flora Rodrigues



Pégadas de Areia



Era uma vez, outra vez o mar…

Marisol de olhos tristes e sonhadores, mais uma vez passeava descalça junto ao mar. O dia inda não rompera por completo, só agora se viam os primeiros raios de sol a se espreguiçar. Mas, todos os dias, àquela hora, Marisol passeava descalça junto ao mar. Aguardava a chegada do pai, que regressava da sua faina por aquela hora.

      Desde que se entendia por gente que gostava de aguardar a chegada do pai e ver os pescadores recolherem as redes. Quando a pesca era boa alegria, era tanta que parecia uma festa, e se por acaso calhava alguém passar na praia àquela hora, tinha por vezes a sorte de ser brindado com algum peixinho fresquinho, que assim “caído” do mar para o prato até sabia melhor.

     Mas quando a pesca não rendia, quase não se ouvia nenhum som, a não ser o suave marulhar das ondas e o pesado arrastar das redes vazias, anunciando, pratos vazios e dias de fome. Mas apesar de tudo os piores dias não eram esses, pois pouco tempo depois, com a graça de Deus (e dos peixes), tudo se compunha. Os piores dias eram aqueles em que por força da necessidade os pescadores se lançavam ao mar bravio e não mais tornavam. Os piores dias eram aqueles em que os pescadores por vezes eram surpreendidos com o mau tempo e só  a muito custo regressavam.

           Naquele dia Marisol acordara com um estranho pressentimento. Dirigira-se para a praia mais cedo que o costume e agudizaram-se os seus medos. Das letras pouco sabia, (apesar das suas catorze primaveras já contadas), mas sabia ler nas nuvens e nas ondas a vontade do mar. E naquele dia o mar parecia-lhe bravo, enraivecido, irado por tudo e por nada, como um homem que em certos dias acorda zangado com a vida.

             As horas passavam-se e a embarcação de seu pai não regressava. O mar cada vez mais irado encapelava-se.

               Marisol ajoelhara-se na areia, as ondas por vezes acariciavam-lhe os joelhos deixando-lhe a saia molhada, e rezava pedindo que seu pai regressasse. A praia enchera-se de mulheres de, algumas vestidas de negro pelo mar lhes ter roubado os seus maridos. Falavam entre si e choravam, antevendo a mágoa de uma morte anunciada. Mas, Marisol permanecia queda e muda, olhos fitos no mar e pensamento firme em Deus, ignorando tudo em seu redor, como se, só  ela, a praia e o céu existissem naquele momento.

      E, de repente, fosse pela reza de Marisol, ou porque a hora de seu pai ainda não tinha chegado, ou porque a vontade de Deus assim o queria: o mar amainou, o sol brilhou com mais força e o barco de seu pai regressou, com mais companheiros que tinham salvo de morte certa, motivo pelo qual se tinham atrasado tanto naquela manhã.

           Marisol ergueu-se e abraçou o pai assim que este chegou, chorando de alegria e alívio. Mais tarde dirigiu-se à capelinha para levara flores, para agradecer a Nossa Senhora a protecção a seu pai e seus companheiros e qual não foi o seu espanto, quando, ao começar arranjar as flores, verificou que os  pés da santa se encontravam cobertos de areia húmida, olhou para trás e reparou que um rasto de pequenas pegadas marcadas de areia húmida conduziam ao altar da santa.

 

Conto de ficção da minha autoria inspirado as lendas que a minha avó materna exímia contadora de histórias, natural de Olhão e filha de pescadores me contava na infância.

 Ilustração das fotos das fotos do sapo álbum de Nunoeninha







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