Estão ali de corpo presente e de mente ausente. Outras vêem-te como um alvo a abater, e depois há aquelas em que se consegue uma simbiose perfeita. Há respeito, há carinho, há aprendizagem, e que, mesmo quando a professora lhes falta num tom mais rispido e os obriga a estar alerta, entendem que é porque se preocupa com eles e lhes quer bem.
Turmas que mesmo quando não concordam com algo, têm a coragem de o dizer, sem afrontar e sem desrespeitar. Há turmas e turmas, aquelas em que podes brincar, que não pensam que é sinal que te podem desrespeitar. Há turmas que te respeitam, mas não te vêem como pessoa, como mentor ou mentora, onde só lhes interessa o processo de ensino aprenizagem e cumprem o seu dever, que são brilhantes,mas não ficam no coração.
E depois há aquelas que não são tão brilhantes, mas são tão deliciosamente humanas, que te inspiram, que te motivam, que te desafiam a ser melhor, que te vêem como um ser humano , como um mentor e que te ficam no coração e despede-te deles a aprender danças ciganas e a ouvir Imagine Dragons.
Faz hoje vinte anos que partiste. Vinte que viajaste para um mundo onde não te posso ver, nem sentir e nem ouvir a tua voz. Vou ter sempre saudades de ti, mas habituei-me à ideia que viajaste para muito longe, para um mundo onde não te posso visitar.
Mas estás presente nas minhas memórias e no meu coração e mesmo que não te conheçam e nunca tenham tido o consolo do teu colo e dos teus afagos estarás também presente no coração dos meus filhos. E sabes porquê? Porque tu tornavas o meu mundo mais bonito com a tua coragem e com as tuas histórias.
E eu vou contando aos meus filhos a histórias que tu contavas sentadas à mesa ao pequeno almoço e que faziam com que fosse mágico…
Sabes ainda hoje o Pequeno almoço é a minha refeição preferida. Mas sinto falta do cheiro do teu café. Não sei porquê nunca nenhum outro café me cheirou tão bem. Talvez porque eu sabia que eras tu que o fazias.
Não te esqueci, nunca te esquecerei, permanecerás no meu coração para sempre. A minha mãe nunca entendeu que eu não deixei de sentir a tua falta. Apenas calei a minha dor porque se não a calasse doía demais.
E sabes? Tenho tanta pena que não tenhas conhecido a minha Bárbara pequenina tão traquina e espevitada, faladora e desenrascada e o meu Gonçalo tão meigo e ternurento.
Mas acredito que agora que és a minha estrela brilhar no universo e que de alguma forma sem que eu possa saber, os amas e os estás a proteger.
Durante muitos anos fiquei zangada com o Santo António por não te ter deixado entre nós, agora acho que partiste no Doa de Santo António para que ele te pudesse guiar.
As tuas flores nasceram todas brancas, os cravos, as rosas e toadas as que tinhas no teu canteiro nasceram brancas, hoje acredito que para abençoar a tua partida.
Passaram vinte anos, mas por vezes ainda penso que só passaram vinte dias
Amar-te-ei para sempre Avó. Agora és a minha estrelinha reluzente.