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Sopa De letras

Vinha à procura de sopa? Aqui há , mas só de letras! Letras atiradas ao acaso saídas de uma Caixinha de Pandora.

Vinha à procura de sopa? Aqui há , mas só de letras! Letras atiradas ao acaso saídas de uma Caixinha de Pandora.

Um estranho dia…

Levantei-me já em cima da hora para apanhar o autocarro, mas consegui pensei que até fui bem rápido. Cheguei mesmo a tempo. Foi o autocarro a chegar à paragem e eu a chegar. Assim que subi percebi que me esquecera do passe por isso toca de pagar bilhete.  Estava distraído com os meus botões a pensar na surpresa que lhe iria fazer quando chegasse a casa com aquele raríssimo livro que ambos tanto queríamos. Suspirava de alívio por ter conseguido apanhar o autocarro, quando reparei que o percurso que este fazia, não era o que eu pensava.

  Perguntei ao motorista o que se passava e depois dele me explicar percebi que me precipitara e tinha entrado no autocarro errado. O meu tinha-se atrasado e chegara de pois deste. Apesar disso, pensei que ainda tinha solução, pois apesar do percurso ser diferente, naquele local, se saísse na próxima paragem ficava perto da loja que eu queria ir. Mas teria de ir a pé. Assim fiz. Saí e meti mãos à obra, ou melhor pés a caminho.

Já me encontrava a meio do caminho quando uma senhora de idade que facilmente identifiquei como invisual me pediu que a auxiliasse até à loja que eu queria ir. Dispus-me prontamente que ainda sou do tempo em que sentimos orgulho em ser cavalheiros.

 

 Chegados á loja ela agradeceu-me e entrou dirigindo-se aos locais que lhe interessavam sozinha, pois era cliente habitual daquele alfarrabista

Perguntei pelo livro que vira ontem à noite na montra, mas para minha grande decepção disseram-me que me ter enganado na montra. Mas eu sei que não, eu sei não, não foi engano. Que nunca tiveram nada daquilo na montra. Fico triste e caminho de regresso a casa, dirigindo-me para a paragem de autocarro mais próxima. Mas começo a sentir fome, passo por um café e entro. Os pastéis de natas parecem pedir para serem comidos. O aroma do café é agradavelmente envolvente, sempre me seduziu. Peço um café e um pastel de nata. Saboreio-os lentamente. No fim vou para pagar e reparo que estou sem carteira e sem dinheiro, fico igualmente sem jeito. Penso numa solução. Lanço a mão ao bolso e tenho o telefone no bolso. Ligo a minha amada e peço-lhe que venha ter comigo urgentemente. Falando em voz baixa para que o dono do café não se aperceba da minha aflição. Enquanto ali estou a ver as pessoas passar apressadas como formigas sem terem sequer tempo de olharem a paisagem das suas vidas, penso que nas dores que sinto nos pés. A caminhada fizera-me uma enorme bolha em cada um dos meus pés. Vou tentando pensar no que vou dizer. O que faço naqueles lados. Ora que parvoíce, direi a verdade procurava um livro.

 Meia hora depois chove granizo lá fora. Parece impossível de manhã o sol, estava tórrido, cheguei a suar. Finalmente ela chega. Neste momento sinto-me com uma enorme dor de cabeça. Devia ser do tempo de chuva, com estas alterações de clima a minha sinusite faz-me sempre dores de cabeça. Felizmente ela estava ali na minha frente. Reprovando-me com um ar maternal:

-Estás de baixa com febre, não devias estar aqui. Nem devias ter saído de casa.

- Já me sentia melhor, quis apanhar ar…mas agora acho que tens razão, o que fiz não teve pés nem cabeça, aliás de caminho nem eu tenho pás nem cabeça com as dores que tenho.

                  Já no carro, reparo num embrulho de papel pardo dentro de um saco do alfarrabista de onde saíra.

-O que é isto? - Perguntei.

-Olha, sabes, ajudei uma velhinha invisual a chegar até aqui, ela disse que eu era a segunda alma bondosa que encontrava neste dia, e que tinha feito um a estranha promessa de oferecer algo, à segunda pessoa que acedesse a ajudá-la nesse dia.

Sorri e descrevi a velhinha que ajudara, perguntando se era mesma ao que ela me respondeu que sim, sem sombra de dúvida.

- E o que é isto, sabes?

- Não. Estava com pressa de te ir buscar. Estava preocupada. Ainda bem que estou de férias, olha só a alhada em que te ias metendo. Mas se quiseres abre…também estou curiosa.

     Confesso que não consigo controlar tal como as crianças, a curiosidade de abrir um embrulho e mal o fiz, fiquei estupefacto:

Ali ainda dentro do papel de embrulho que eu acabara de abrir estava o livro que ambos tanto queríamos e que me tinha dito quer não existia naquele local.

   Passei as mãos pela capa e pensei como aquele tinha sido um estranho dia sem pés, nem cabeça…

Devia ser da febre que sentia naquele momento

Acordei com a voz dela:

-Sentes-te melhor?

-Sim. - Respondi ainda ensonado e a relembrar o início do dia, pensei que sonhara.

Porém ao esticar o braço para agarrar o copo de água na mesa-de-cabeceira percebi, que fora real. Agora completamente desembrulhado, ali estava o “Almanaque dos mitos urbanos” que tanto desejara ter. E algo escrito na capa não me faria tão cedo para de cismar:

" A verdadeira bondade é como a justiça: cega,  pois aquilo que pensamos ver nem sempre é aquilo que vemos"

Conto de ficção de minha autoria para a fábrica de Histórias

Ilustração retitrada da net 

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