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Sopa De letras

Vinha à procura de sopa? Aqui há , mas só de letras! Letras atiradas ao acaso saídas de uma Caixinha de Pandora.

Vinha à procura de sopa? Aqui há , mas só de letras! Letras atiradas ao acaso saídas de uma Caixinha de Pandora.

As linhas que nunca foram escritas

 

“Querido Diário

Não escrevo data nem ano pois este assunto é demasiado delicado, assim será intemporal. É demais para mim calar este segredo que atravessou gerações. Sinto angústia, um nó na garganta, Porquê eu? Logo eu porque haveria eu de ser escolhida para guardar um segredo desta dimensão. Um segredo que me dá o poder de destruir famílias, quem sabe de causar mortes e desgostos, mas que por outro lado poderia trazer a felicidade desejada para alguns.

  Só em ti, posso confiar e nem a ti o posso contar. Sinto-me como aqueles Druidas que eram autênticos livros cujos segredos passavam  oralmente de geração em geração. Só que o meu segredo tem de permanecer calado, fechado, angustiado e sem salvar quem posso salvar. Só há uma maneira de aliviar a minha consciência deste segredo. Deixar que o descubram, sem que seja eu a o dizer. Sim dessa forma nunca trairei o segredo dizendo-o, mas se o descobrirem destruirá famílias. Que posso eu fazer?

  Não sei. Alivia-me desabafar aqui os meus pensamentos, mas aliviar–me - a ainda mais se pudesse confiar em alguém, para contar aquilo cujas dimensões são tão grandes, que me pesam demais na alma. 

  Poderei em ti confiar? Não sei, não sei. Ninguém sabe da tua existência. Somente eu. Quem me passou tal fardo para a consciência já não pertence ao mundo dos que respiram entre nós, pelo que me resta a mim ser a guardiã desta poderosa revelação cujas consequências temo se um dia a revelar. Mas por outro lado quantas vidas não permanecerão infelizes se o não fizer?

Não há como o saber a não ser que um dia seja revelado por acidente. Mas não consigo partir de alma tranquila levando-o comigo para sempre. Por isso vou arriscar aliviar o meu sentimento de culpa nas linhas que seguem…”

Foi apenas esta a página do Diário que os seus parentes conseguiram ler depois de a encontrarem no seu sono eterno na sua poltrona, o seu leito de morte.

Talvez haja segredos que nunca devam ser revelados. Quem sabe desta forma ela teve a resposta às suas dúvidas. Foi assim que todos pensaram e o segredo morreu com ela para sempre, mas ficou em todos a desconfiança de qual seria a enorme nuvem que continuava a pairar sobre a sua família.

 Conto de ficção de minha autoria para a Fábrica de Histórias.

Ilustração retirada da internet.

Uma carta do passado.

  Regressava da missa, matinal embrenhada nos seus pensamentos. Mentalmente ia ordenado as tarefas do seu dia para não mergulhar na solidão da sua viuvez. Tinha sido feliz com o marido, mas ficara-lhe sempre na alma se não teria sido mais feliz com Rafael a grande paixão da sua vida que partira para trabalhar e um dia sem mais nem menos deixara de dar notícias. Esse sim, fora a sua grande alma gémea a que ela perdera na viagem atribulada da sua vida. Mas se ele deixara de dar notícias é porque se calhar não era quem ela pensava, e consolando-se no oportuno ombro do melhor amigo de Rafael, que, também ficara sem notícias dele, acabou por se casar com este. E aos poucos acabou por deixar cair a memória de Rafael no baú das recordações esquecidas. Assim ia organizando a sua vida, de modo a que a solidão não lhe pesasse, após a viuvez. Dedicara-se à Igreja e ao voluntariado. Ajudava a distribuir roupas pelos mais carenciados e sentia-se útil. Pois apesar, de já ter setenta anos contados precisava de se sentir activa ou mergulharia na solidão e na tristeza. Ao chegar a casa repetiu os rituais e todos os dias. Regou as flores. Deu de comer ao gato e foi à caixa de correio. Além das contas e da publicidade já só uma prima afastada e viúva como ela lhe escrevia.

Por isso se admirou quando verificou uma carta manuscrita com uma caligrafia perfeita. E um selo estrangeiro. Desconhecia o seu remetente, mas verificou que o nome e morada do destinatário estavam correctos. Curiosa abriu a carta. Dentro desta estava outra carta já amarelada pelo tempo dobrada, do seu amado Rafael e por fora uma nota que dizia o seguinte:

“Cara Senhora,

Espero que finalmente esta carta encontre ainda a tempo a sua destinatária. Encontrei estas cartas entre uns pertences de meu tio, esquecidos na arrecadação de meus pais. Desculpe ter lido a carta, mas ainda bem que o fiz, para que memória de meu tio possa descansar em paz, pois ele faleceu sem ter conseguido enviado a carta, que, creio ser importante que a sua destinatária leia o seu conteúdo.O meu tio morreu de acidente e nunca as chegou a enviar”

Ela abriu a carta e dentro da mesma,tinha várias cartas dirigidas a ela, a explicar que ia para o estrangeiro para casa de uma irmã juntar dinheiro para casarem e uma última onde juntamente com tudo o que lera antes, a pedia em casamento. Os seus olhos encheram-se de lágrimas de alegria e no meio das suas lágrimas pareceu-lhe ver o rosto de Rafael a sorrir à sua frente.

 Conto de ficção

de minha autoria para a Fábrica de Histórias

ilustração retirada da net

Uma nova estrela no firmamento.

  

 Desde que nascera, que lhe diziam que um dia iria ser uma estrela, que um dia iria brilhar. Cresceu com esta convicção. Sempre conseguira ser popular entre os amigos, mesmo sendo dos melhores alunos do liceu.  Também era popular entre as mulheres. Todos gostavam dele e não se podia queixar da vida.  Mas brilhar como sempre lhe disseram, brilhar verdadeiramente como sempre sonhara, isso não conseguira ainda.

 

Era noite do dia de reis, e ele dava o seu passeio diário pela chegada da noite. Gostava daquele momento em que, se sentia bem consigo próprio e com a sua solidão. O que já não suportava era a solidão que sentia quando uma multidão de pessoas que nada lhe diziam, o rodeava. Olhava as casas, as ruas, as poucas pessoas com quem se cruzava. Espreitava com o olhar pelas janelas de persianas subidas e imaginava os seus habitantes e as suas vidas.

 Quando existiam estrelas no céu gostava de as contar e de lhes dar nome, e continuava o passeio conversando com elas e desafogando as suas mágoas. Gostava de se confessar às estrelas para ele era um ritual sagrado como se entrasse em contacto com o divino.

 

 Acabava de confessar os seus pensamentos mais íntimos à estrela a que dera o nome de Mirabelle, quando reparou que esta se começava a deslocar. Um pouco por brincadeira, lembrando-se da história dos reis, um pouco por curiosidade e mesmo por instinto ou intuição começou a segui-la por caminhos que nunca antes imaginara pisar ou mesmo calcorrear. Seguiu-a até se encontrar numa montanha erma e isolada, onde as estrelas pareciam muito maiores e brilhavam mais do que nunca. Foi do meio desta luz que ela surgiu, a mulher mais bela que ele já vira, de cabelos longos, negros como o azeviche, irradiando uma aura azulada.

-Quem és tu?- perguntou ele um pouco receoso de estar na presença de um fantasma, embora a criatura mais bela que vira em toda a sua vida.

 

Nume voz melodiosamente suave, ela respondeu:

- Não temas. Sou aquela a quem chamaste Mirabelle. Sou uma estrela de outro mundo. Venho de um mundo ao qual desejas pertencer, pois almejas alcançar os segredos do infinito e já nada tens a aprender neste mundo.

 

- N.. Nã.. Não pode ser real- disse ele gaguejando -Devo estar a ter alucinações. Li histórias demais.

 

Ela aproximou-se e tocou-lhe:

--Não te preocupes. Passei pelo mesmo.Tudo é real, mais real que o mundo de faz de conta em que tu vives, para que ninguém se aperceba que almejas muito mais do que possam imaginar. Outrora fui como tu, uma humana com alma de estrela, que não conseguia brilhar, nem encontrar o meu lugar neste mundo. Até chegar a hora do chamamento. Mas agora sou feliz, brilhando no Universo para sempre e sempre que brilhamos ajudamos outras almas a serem felizes. Vem comigo. Segue o meu chamamento para a felicidade… - e estendeu-lhe a mão aguardando a sua decisão.

 

Ele olhou para trás e recordou a vida vazia que levava. Não tinha nada a perder, nem ninguém a quem se prender. Estendeu a sua mão para a dela aceitando o convite. Imediatamente sentiu dentro de si uma felicidade indescritível como nunca sentira na vida.

O seu destino finalmente se cumpriu. Agora brilha no firmamento com outras estrelas, iluminado as almas que se confessam a elas. 

Conto de ficção de minha autoria para a Fábrica de Histórias.

Ilustração retirada da net.

Fragmentos I - TARDES DE SONO E PREGUIÇA

 

 Entraste devagar, calado com o teu ar de sempre, silencioso e cansado. Encontraste-me sentada no sofá, com a televisão desligada. O rádio passava uma música suave, num tom baixinho, agradável, suave como a própria música. Eu estava a fumar e fitava no meio nada, as formas que o fumo que eu exalava, tomavam. Acercaste-te de mim e perguntaste-me: "- O que tens?" respondi-te sorrindo "- Preguiça!". "- E tu?" - perguntei eu, - "- Tenho sono!" - respondeste-me e sentaste-me ao meu lado. Ficámos assim lado a lado. Silenciosos, apenas fitando o fumo que brincavas às formas no ar. Como era bom estar assim, junto de ti, sabendo que o silêncio podia também ser uma forma de amar. Com ar, ainda mais ensonado, do que quando tinhas chegado, afagaste-me suavemente o rosto. E sem falarmos nada, beijámo-nos. Os nossos corpos envolveram-se numa carícia única, num amor sem fim, sem trocar uma única palavra, mas dizendo mais que nunca!

Depois ficámos ali parados, olhando um para outro e finalmente quebraste o silêncio:

"- Estás bem?" - acenei-te que sim com cabeça e puxei-te para o meu lado. Adormeceste vencido pelo sono, mas sorrias de felicidade. Eu fiquei ali acordada, escutando a tua respiração, a melodia suave que ecoava no ar, e tentando guardar para sempre o calor do teu corpo junto de mim. Depois tive sede, levantei-me fui à cozinha buscar água e quando voltei abri a porta da sala... acordei!

Olhei à minha volta, ainda estremunhada, tudo estava como no início. Eu estava sentada no sofá, a música suave ecoava no ar. Acendi um cigarro e comecei a fumar. E ali fiquei, fitando no meio do nada, as formas em que o fumo se estava a transformar, e chorei. Chorei sem fim, por o sonho, não ser mais que uma recordação. Uma recordação dos tempos em que nem o sono, nem a preguiça eram mais fortes do que o nosso amor. Nada era mais forte do que aquele amor que me guiou para ti, que fez com que eu fosse a tua companheira de jornada, durante tantos anos que lhes perdi a conta. Agora a minha felicidade está presa a recordações. A nossa música, o teu perfume, as nossas gargalhadas, cheiros, sabores e até pequenos sons banais do quotidiano, são estes pequenos retalhos da nossa existência que me deram força para continuar a jornada da vida. Sim, porque agora já só me restam as tardes de sono e de preguiça que me fazem recordar o tempo que estavas comigo e eu... eu era feliz só por te amar. Não sei como nem porquê todas estas recordações fizeram-me sentir o teu perfume no ar. Levantei-me e fui até ao quarto, uma túlipa branca, repousava como por magia, junto da almofada que costumavas usar. Sorri feliz. Tinha sido mais do que um sonho. Tinhas-me ido visitar.

 

Texto de Ficção de minha autoria

Imagem retirada da Internet. 

Apenas em doze meses…

A cada badalada, uma passa. A cada passa um desejo. A cada desejo um mês para o concretizar. Doze badaladas, e doze passas depois tinha doze meses pela frente para concretizar cada novo desejo. Em Janeiro desejou apaixonar-se. Estava Janeiro a terminar e não havia forma de se apaixonar. Riscou o primeiro desejo da lista com um x vermelho. Em Fevereiro iria mascarar-se pela primeira vez na vida. Ganhou coragem e saiu vestido de Arlequim cruzou-se por acaso com uma Columbina. Marcou dois certos verdes na agenda de Fevereiro. Em Março terminaria a compra da casa, mas só conseguiu alugar uma. Marcou um certo verde com um traço vermelho.

Em Abril convidou-a a partilhar da sua vida. Mais um certo verde na agenda. Mas o casamento em Maio foi um x vermelho porque tiveram de esperar pelo certo de Julho. Em Junho queria estar rico, marcou um x vermelho na agenda.

Em Julho queria ter o seu curso concluído e um certo verde enorme decorou a agenda nesse mês.

 Para Agosto o seu desejo era dias de Sol a descansar e não foi difícil ter um enorme certo verde para marcar. Já quando chegou Setembro o emprego que desejara transformou-se num x vermelho.

Em Outubro concretizou o desejo de conseguir um trabalho, não o que desejara, mas estava a trabalhar e um x verde decorou agenda nesse mês. Em Novembro casou-se e mais um enorme x verde estava na sua agenda. Em Dezembro o que marcou a sua agenda foram dois tracinhos vermelhos do teste e gravidez que dera positivo rodeados por um certo enorme verdinho…

Olhou para a agenda e viu como a sua vida mudara em doze meses apenas.

Assim quando soaram as doze badaladas pegou apenas numa depois de pensar e desejou que todos um dia se sentissem como ele. Desejou-lhes doze meses felizes com muitos certos verdes e que não desistissem ao primeiro x vermelho.

Tinha tudo o que desejar não sabia que mais pedir… Afinal era feliz e rico por se sentir assim.

Que o seu desejo de que todos no sintamos feliz neste novo ano que começa a caminhar se concretize para todos.

 

Quem é a cozinheira?

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Espreitar no caldeirão.

 

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